Fabaceae

Hymenaea parvifolia Huber

Como citar:

Eduardo Fernandez; Mário Gomes. 2020. Hymenaea parvifolia (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

3.926.981,907 Km2

AOO:

496,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Espécie não é endêmica do Brasil (Pinto et al., 2020), com ocorrência na Bolivia, Peru, Colômbia e Venezuela. No Brasil é encontrada nos estados do ACRE, municípios de Brasiléia, Epitaciolândia, Rio Branco, Xapuri; AMAZONAS, municípios de Carauari, Humaitá, Itacoatiara, Manaus, Novo Airão, Novo Aripuanã, Rio Preto da Eva; MARANHÃO, municípios de Alcântara, Araguanã, Buriticupu, Cândido Mendes, Caxias, Centro Novo do Maranhão, Monção, Passagem Franca, Pinheiro, São Luís, Tutóia, Vitorino Freire; MATO GROSSO, municípios de Alta Floresta, Aripuanã, Comodoro, Nova Bandeirantes, Novo Mundo, Paranaíta, Porto dos Gaúchos, Tabaporã, Vila Bela da Santíssima Trindade; PARÁ, municípios de Abaetetuba, Acará, Almeirim, Belém, Belterra, Bragança, Bujaru, Gurupá, Igarapé-Miri, Itaituba, Jacareacanga, Juruti, Moju, Monte Alegre, Oriximiná, Parauapebas, Prainha, Santarém, São Miguel do Guamá, Senador José Porfírio, Tucuruí, Vitória do Xingu; PIAUÍ, municípios de Barreiras do Piauí, Bom Jesus, Caracol, Curimatá, Morro Cabeça no Tempo, São Miguel do Tapuio; RONDÔNIA, municípios de Itapuã do Oeste, Ji-Paraná, Ouro Preto do Oeste, Pimenta Bueno, Porto Velho, Presidente Médici, Vilhena; RORAIMA, municípios de Alto Alegre, Boa Vista, Caracaraí, Mucajaí

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Mário Gomes
Critério: A2cd
Categoria: VU
Justificativa:

Árvore de grande porte, até 40 m, não é endêmica do Brasil (Pinto et al., 2020). Popularmente conhecida como jutaí e jutaí-mirim, foi documentada em Floresta de Terra Firme e Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) associadas a Amazônia em diversos municípios distribuídos pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia e Roraima. Apresenta distribuição muito ampla, EOO=3197466 km² e coletas constantes, inclusive dentro de Unidades de Conservação de proteção integral e em áreas isoladas do Brasil, onde ainda predominam na paisagem extensões significativas de ecossistemas florestais em estado prístino. Entretanto, a apesar da ampla distribuição, a espécie é amplamente utilizada por apresentar madeira adequada para construção civil, de embarcações, móveis e artigos feitos de madeira; somente em Mato Grosso, a extração seletiva legalizada rendeu 102747 m³ de madeira da espécie entre 2006 a 2011. Estima-se que esse volume corresponda à supressão de 30912 indivíduos (IBAMA, 2002; SEMA-PA, 2011; SEMA-MT, 2011). Adicionalmente, estudos sobre viabilidade de exploração evidenciam a dificuldade da espécie se recuperar naturalmente, mesmo após 30 anos sem outro corte, evidenciando um grande desafio na manutenção de manejo florestal sustentável desta espécie (Gomes et al., 2018). Sabe-se que além disso, a floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido à atividades oriundas da pecuária extensiva (Charity et al., 2016). Assim, infere-se declínio populacional de pelo menos 30% nos últimos 150 anos, considerando o longo Tempo de Geração normalmente atribuído a espécies de grande porte e crescimento lento, como H. parvifolia. Assim, foi considerada Vulnerável (VU) à extinção novamente. A espécie deve ser monitorada, e sua extração devidamente fiscalizada a fim de garantir a diversidade genética das subpopulações e sua sobrevivência na natureza.

Último avistamento: 2018
Quantidade de locations: 20
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como Vulnerável (VU) na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após cinco anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 VU

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Espécie descrita em: Bol. Mus. Goeldi Hist. Nat. Ethnogr. 5: 385 (1909). Nome vulgar: jutaí (AC) e jutaí-mirim (AM) (Pinto et al., 2020).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: A madeira é de alta qualidade, durável e atraente, geralmente colhida na natureza para uso local e para comércio. O fruto tem grandes sementes com arilo comestível . As raízes e o tronco produzem uma goma de resina amarela pálida ou vermelha conhecida comercialmente como copal da América do Sul. A goma obtida do tronco é macia e considerada de qualidade inferior é usado principalmente para fins medicinais pode ser usada na fabricação de vernizes, mas também para incenso e medicamentos locais (Tropical Plants Database, 2020).

População:

Detalhes: A espécie foi considerada com baixa frequência no MA (Vitorino Freire) em 1986 (Collares 209); ocasional na mata de plateau na Serra de Carajás em 2011 (lima 7090); ocasional em Tucuruí em 1981 (Daily 1098); ocasional em Xapuri em 1991 (Daily 6908); rara em Brasiléia em 1991 (Daily 6744).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta de Terra-Firme, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: É uma espécie de grande porte, suas árvores atingem DAP entre 70-100 cm e altura entre 25 e 40 metros (Salomão et al., 1995). Habita a Amazônia, na Floresta de Terra Firme e Floresta Ombrófila (Pinto et al., 2020).
Referências:
  1. Salomão, R. P., Rosa, N. A., Nepstad, D. C., Bakk, A., 1995. Estrutura diamétrica e breve caracterização ecológica econômica de 108 espécies arbóreas da floresta amazônica brasileira. Interciência, Caracas, v.20, n.1, p. 20-29. 1995.
  2. Pinto, R.B., Tozzi, A.M.G.A., Mansano, V.F., 2020. Hymenaea. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio Janeiro. URL http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB22976 (acesso em 16 de março de 2020).

Reprodução:

Dispersor: A floração ocorre no período de agosto a fevereiro, a frutificação durante o ano todo e a disseminação de agosto a março (Leão e Carvalho, 2001). A dispersão é barocórica e zoocórica (Salomão et al., 2007) e a temperatura ótima para germinação da espécie está entre 25 e 35°C (Silva e Cesarino, 2016).
Referências:
  1. Leão, N.V.M., Carvalho, J.O.P., 2001. Fenologia reprodutiva de 25 espécies arbóreas da Amazônia. In: Silva, J.N.M., Carvalho, J.O.P. de, Yared, J.A.G. (eds.). A silvicultura na Amazônia Oriental: contribuições do projeto Embrapa/DFID. Belém: Embrapa Amazônia Oriental/DFID, p. 117 – 128.
  2. Salomão, R.P., Rosa, N.A., Morais, K.A.C., 2007. Dinâmica da regeneração natural de árvores em áreas mineradas na Amazônia. Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, 2(2): 85-139.
  3. Silva, B.M.S., Cesarino, F., 2016. Germinação de sementes e emergência de plântulas de jutaí (Hymenaea parvifolia Huber). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Campinas 18(1): 256-263.

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.2 Species disturbance 5.3.2 Intentional use: large scale (species being assessed is the target) [harvest] mature individuals past,present national high
A extração seletiva legalizada no Estado do Mato Grosso, rendeu 102747 m³ de madeira da espécie no período de 2006 a 2011 (SEMA-MT, 2011). Estima-se que esse volume corresponda a supressão de 30912 indivíduos de porte mediano (20 m alt; 46 cm DAP) ou 8846 indivíduos de grande porte (35 m alt; 65 cm DAP).
Referências:
  1. IBAMA. Hymenaea parvifolia in Madeiras Brasileiras. Disponivel em: <http://www.ibama.gov.br/lpf/madeira/caracteristicas.php?ID=124&caracteristica=89>. Acesso em: 10 Maio 2012.
  2. SEMA-PA. Extração e Movimento de Toras de Madeira Nativa. Período de 1/1/2006 até 23/10/2011, Belém, PA, 2011.
  3. SEMA-MT. Extração e Comércio de Toras de Madeira Nativa. Período 2006-2011., 2011.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.2 Species disturbance 5.3.2 Intentional use: large scale (species being assessed is the target) [harvest] mature individuals past,present,future national high
O período de 30 anos após a exploração florestal não foi suficiente para Hymenaea parvifolia recuperar o número de árvores, a área basal e o volume existente antes da exploração, nas duas áreas experimentais avaliadas, considerando a alta intensidade de colheita de madeira. Atualmente a espécie tem volume disponível para colheita, na área do Km 67, porém não possui estoque em crescimento que possa assegurar novas colheitas em futuro próximo, necessitando de atenção especial no manejo de sua população. Na área do Km 114, a espécie possui um estoque que garante a colheita no segundo corte, porém recomenda-se que sua exploração não ocorra antes de recuperar completamente a estrutura de sua população original (Gomes et al., 2018).
Referências:
  1. Gomes, J.M., Carvalho, J.O.P., Ruschel, A.R., Silva, J.N.M., Ramos, E.M.L.S., Castro, T.C., Thompson, I.S., Freitas, L.J.M., 2018. Estoque de duas espécies arbóreas ameaçadas de extinção aos 30 anos após a exploração na Amazônia oriental. Sci. For., Piracicaba 46(117):41-52 DOI: dx.doi.org/10.18671/scifor.v46n117.04
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future national very high
A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido à atividades oriundas da pecuária extensiva (Charity et al., 2016). O aumento do desmatamento entre 2002-2004 foi, principalmente, resultado do crescimento do rebanho bovino, que cresceu 11% ao ano de 1997 até o nível de 33 milhões em 2004, incluindo apenas aqueles municípios da Amazônia com florestas de dossel fechado compreendendo pelo menos 50% de sua vegetação nativa (Nepstad et al., 2006). Segundo Nepstad et al. (2006) a indústria pecuária da Amazônia, responsável por mais de dois terços do desmatamento anual, esteve temporariamente fora do mercado internacional devido a presença de febre aftosa na região. Contudo, o status de livre de febre aftosa conferido a uma grande região florestal (1,5 milhão de km²) no sul da Amazônia seja, talvez, a mudança mais importante que fortaleceu o papel dos mercados na promoção da expansão da indústria pecuária na Amazônia (Nepstad et al., 2006).
Referências:
  1. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon Soy and Beef Industries: Opportunities for Conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603. https://doi.org/10.1111/j.1523-1739.2006.00510.x
  2. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future national very high
No Bioma Amazônia, ocorre desmatamentos para plantações de soja e criação de gado em grande escala (Joly et al., 2019).
Referências:
  1. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., Padgurschi, M.C.G., 2019. 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5

Ações de conservação (4):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
Reserva Extrativista Chico Mendes (AC), Reserva Florestal Ducke (AM), Parque Nacional do Jaú (AM), Reserva Florestal da CVRD (MA), Gurupiuna, Ka'apor Indian Reserve (MA), Parque Estadual do Cristalino (MT), Reserva Florestal do Curuá-Una (PA), Floresta Nacional Saracá-Taquera (PA), Flona do Tapajós (PA), Flona do Jamari (RO), Parque Nacional do Viruá (RR), Parque Nacional Das Nascentes Do Rio Parnaiba (PI), Parque Nacional Serra Das Confusões (PI), Reserva Extrativista Lago Do Cuniã (RO), Floresta Nacional De Carajás (PA), Reserva Extrativista Médio Juruá (AM), Reserva De Desenvolvimento Sustentável Piagaçu Purus (AM), Parque Nacional Da Amazônia (PA), Área De Proteção Ambiental Do Lago De Tucurui (PA), Reserva De Desenvolvimento Sustentável Alcobaça (PA), Área De Proteção Ambiental Da Baixada Maranhense (MA), Floresta Nacional De Tapajós (PA), Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns (PA), Área De Proteção Ambiental Da Região Do Maracanã (MA), Parque Estadual Do Bacanga (MA), Área De Proteção Ambiental De Alter Do Chão (PA), Área De Proteção Ambiental Margem Esquerda Do Rio Negro-Setor Aturiá-Apuauzinho (AM, Área De Proteção Ambiental Das Reentrâncias Maranhenses (MA), Parque Nacional Do Jaú (AM), Área De Proteção Ambiental De Presidente Figueiredo - Caverna Do Moroaga (AM), Parque Estadual De Monte Alegre (PA), Floresta Nacional De Mulata (PA), Area De Protecao Ambiental Xeriuini (PA), Reserva Extrativista Baixo Rio Branco Jauaperi (RR), Floresta Estadual Do Trombetas (PA).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como Vulnerável (VU) A2cd e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Portaria MMA no 443/ 2014. URL https://ckan.jbrj.gov.br/dataset/download/especiesportaria443.pdf (acesso em 14 de abril 2019 ).
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: TER1 - Marabá, TER2 - Vitória do Xingu, TER4 - Manaus
Ação Situação
5.1.1 International level on going
A espécie foi avaliada como Menos Preocupante (LC) na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (Groom, 2012)
Referências:
  1. Groom, A. 2012. Hymenaea parvifolia. The IUCN Red List of Threatened Species 2012: e.T19891864A20080277. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2012.RLTS.T19891864A20080277.en. (acesso em 25 de março de 2020).

Ações de conservação (3):

Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
A madeira é de alta qualidade, durável e atraente, geralmente colhida na natureza para uso local e para comércio (Tropical Plants Database, 2019).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2020. Hymenaea parvifolia. Ken Fern. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Hymenaea+parvifolia (acesso em 16 de março de 2020).
Uso Proveniência Recurso
1. Food - human natural seed
O fruto tem grandes sementes com arilo comestível (Tropical Plants Database, 2019).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2020. Hymenaea parvifolia. Ken Fern. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Hymenaea+parvifolia (acesso em 16 de março de 2020).
Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural stalk
As raízes e o tronco produzem uma goma de resina amarela pálida ou vermelha conhecida comercialmente como copal da América do Sul. A goma obtida do tronco é macia e considerada de qualidade inferior é usado principalmente para fins medicinais pode ser usada na fabricação de vernizes, mas também para incenso e medicamentos locais (Tropical Plants Database, 2019).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2020. Hymenaea parvifolia. Ken Fern. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Hymenaea+parvifolia (acesso em 16 de março de 2020).